segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
O nascimento do corpo
Pelo barro torna-se forma, contorno e vísceras.
No sangue escorre água: venosas veias pulsantes.
E de repente escuta-se a batida pelo calor do coração.
Todo vento voa pra cabeça.
Engendrada a forma e os princípios físicos,
o corpo ainda reclamava por seus órgãos.
Em um passe é dado a ele a palavra, esta transforma-se em sua língua
e vai abrindo os vácuos da garganta.
Nas mãos de barro - pedras calejadas, os dedos adquirem condutas articuladas.
Os pés espinhos e tortos vão sendo aos poucos aperfeiçoados pelo andar no chão.
Tirando da luz do sol a visão dos olhos.
Do cheiro das flores o olfato.
Das ondas do mar a audição.
Do gosto ácido o paladar.
E rastejando põe-se a andar.
Dos órgãos sexuais à arquitetura do sexo.
Curiosas formas redondas, cilíndricas e cortadas ao meio, triangulares e fechadas.
Dar-se assim ao corpo capacidade gerativa - o corpo enfim nasce.
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