sábado, 16 de fevereiro de 2013

Sobre - Morte e vida severina - A morte

 Venho de um deserto
 tão vasto, de mãos grossas , pernas finas 
e olhos fundos.
Sou sombra do que fui na fartura
sou  a morte que vaga  nos ossos.
Que acompanha o negrume das asas dos urubus
 que circundam alto o cemitério de onde eu nasci.
Na sede que jorra da seca,
 se esvazia oca a boca,  a língua e a pele
queimada ao sol.
A fartura que te acompanha agora é ausência muita,
como  se a água faltasse a boca na hora de beber.
É o sol tua fartura, é o espinho enigma que se faz em cruz na morte.
É uma solidão funda no estômago.
É o chão rasgado, costurado e que nada te dar em troca.
É a humilhação do semblante da testa forte que se dobra
aos pdios cinzas.
É por fim a morte que vem misturada com calor, sal e terra.
Mas continuas a viagem pois não podes parar. 
E a auncia que tens muita  ainda assim  é pouca.
A lápide para a tua carne é quase nada, é sertão de nevoa , o pé descalço abrupto que anda imensidades sem fim. Escarlate sangue e veias soltas balbuciantes de sofrimento alheio. Uma morte tão consciente de si que mas parece uma vida que acaba de nascer.