segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O cemitério


Onde a morte vira mãe e seu seio engrandece,
onde a vida chega ao fim , e o nascimento padece..
Onde a s sombras chegam enfim e a escuridão se enobrece.
As lápides estão enfileiradas em macabro conjunto.
Onde o escuro é real e o verdadeiro ato de amor é morrer junto.
Onde se perde o fôlego e ar vaza pelo pulmões, onde a poeira entorpece
a vista e lá a morte é bem-vinda.
É onde chegam ao fim as apostas e o mundo ganha sentido,
onde o amor fenece e o que era forte enfraquece.
Onde o medo é maior, no entanto na há dor.
Onde o nome ganha força e o ser desaparece.
Onde as lágrimas regam a saudade da perda.
Onde o choro é melodia bela e noite é estrela
perpétua e singela.

Tradução


 Eu não me traduzo
em poesia ou flor.
Não me expressa 
em exatidão, somente as sombras.
Não me entendo
em outra língua.
Não me expressa a totalidade,
o vázio ou o encontro.
Me traduzo:
Nas ruas que passei,
nos livros que li,
nas gargalhadas que dei,
nos medos que senti, 
nas falas que ouvi.
Me traduzo, na raiz de minha problemática .
No que se refere a mim,
Eu mesmo sou o  problema.