sábado, 5 de maio de 2012

A revolução dos mortos


No alto da mais alta lápide, ergue-se um morto.
Que toma a palavra sobre os uivos do cemitério.
- ''Caros amigos vós peço sua total atenção ao que digo,
 almas abandonadas que vagam em fila indiana, perdidas e desprezadas.
Que se reúnem em procissão.Esqueletos, ossos e cadáveres em decomposição, outra vez solicito vossa atenção.Lhes faço algumas perguntas:
Por que vivemos enclausurados nesse lugar podre?
Só por que estamos mortos não merecemos os prazeres do mundo?
Só por que  estamos mortos não choramos ou rimos, quer dizer , que quando morremos perdemos os nossos sentimentos e desejos?
Só os vivos merecem os prazeres e afetividade? Devemos obedece-los meus irmãos? Devemos aceitar tudo dessa forma , como se fosse natural? Eles nos jogaram nesse depósito macabro e nos esqueceram, e devemos deixar por isso mesmo ou vamos derrubar os portões desse cemitério e tomar pela força o que nos é de direito? A vida não se sobrepõe à morte meus companheiros, mas hoje a morte vai se sobrepor à vida.''
E em meio a gritos e uivos descontrolados a multidão fúnebre arrombou o cemitério e ocuparam toda a cidade , estava decretada a revolução.

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